ENTREVISTAS - VASCO PINTO (Cabo do GFA de Alcochete)


 (Contributo: Prof. Marco Gomes / Jornal Olé)
Um grupo de forcados com quatro décadas, é certamente o acumular de muitas histórias, boas e más, recordações, amizades e sacrifícios. O jovem forcado Vasco Pinto, é o cabo dos amadores de Alcochete, um grupo que nas últimas temporadas tem estado nos lugares cimeiros da tauromaquia no que a forcadagem diz respeito. Este jovem cabo, tem marcado pela discrição que possui na forma como comanda “os seus homens” e na forma simples como vive a vida, longe de protagonismos, longe de polémicas, o Vasco é simples, de fácil trato, e lá dentro da arena é a figura perfeita do forcado.
Neste início da temporada, já decorridos os treinos e algumas corridas, o Olé foi falar com o Vasco…

1.    Vasco quatro décadas de história, e um “peso” fácil de transportar?
Essencialmente um orgulho que transporto e não um “peso”. Nasci dentro do Grupo de Forcados Amadores de Alcochete, com eles cresci e me fiz homem. Sinto também uma enorme responsabilidade pela bonita história do Grupo mas, devido ao apoio que tenho recebido de todos aqueles que pertencem a esta família, tudo se torna mais fácil.

2.    Quando assumiu a chefia do grupo teve em conta esse historial de responsabilidade que o grupo apresentava?
Sim! Apesar da tenra idade, sabia que seria uma grande responsabilidade contribuir para que o Grupo pudesse continuar a honrar os seus pergaminhos. Mas a confiança depositada pelos meus colegas e amigos fez-me acreditar que poderia assumir essa responsabilidade.

3.    O facto de ser filho de um forcado figura, António José Pinto, teve alguma influência na escolha?
Sinceramente julgo que não! Felizmente existem muitos outros elementos, filhos ou familiares de antigas glórias do Grupo e que, segundo esse ponto de vista, também poderiam ter sido eleitos. Terá tido maior influência o reconhecimento dos meus colegas por toda a paixão e dedicação que sempre empreguei ao Grupo.

4.    O grupo continua unido, mesmo com a inclusão de rapaziada nova?
O Grupo goza de uma faixa etária muito baixa, o que possibilita que todos possamos partilhar a maioria dos gostos e hábitos diariamente, fomentando assim a convivência fora da Praça e potenciando uma grande união no Grupo. Depois como mencionei anteriormente, existem no Grupo familiares de antigos elementos, o que contribui para que os “valores” sejam facilmente transmitidos a quem chega de novo.

5.    Como consegue fazer essa inclusão de forcados jovens, e por forma a que eles assumam o espirito de união do GFA Alcochete?
A inclusão é feita de forma natural, tentando dar a conhecer as nossas raízes e a forma como sempre nos ensinaram a andar na vida. Cada Grupo tem o seu estilo, conduta e forma de estar. E essencialmente, aquilo que tentamos transmitir são esses valores que nos foram passados.
Depois obviamente que é necessário o envolvimento pessoal do cabo para que, quem chega de novo sinta que tem ali alguém em que possa confiar.

6.    É verdade que em Alcochete os forcados “brotam” de todos os sítios?
Alcochete sempre esteve habituada a ver crescer excelentes forcados e a esse facto se deve o “ditado” antigo de que em Alcochete os forcados nascem das valetas, sinónimo de que há forcados por toda a parte. Acredito essencialmente que em Alcochete haverá sempre grandes forcados e que o forcado será sempre o símbolo maior da nossa vila.
 
7.    Qual a mística do GFA Alcochete?
A mística é algo que se transmite através da comunhão de muitos momentos e valores. No GFA Alcochete o segredo está na amizade pura, no gosto de conviver de forma sã uns com os outros, sem tiques de vedetismo e com a consciência de que o Grupo está acima de qualquer interesse individual.

8.    O Vasco enquanto forcado cedo assumiu um plano de destaque, quando vai pegar sabe que não pode falhar face às suas excelentes prestações, e pelas quais tem habituado o público?
Sinto que tenho menos margem de erro devido ao facto de já andar nesta vida há alguns anos. Tento não pensar muito nisso porque já sou bastante exigente comigo e isso serviria para colocar ainda mais pressão em relação àquela que coloco aos meus ombros. Tento desfrutar e ter prazer naquilo que faço e transmitir esse sentimento para o público.
 
9.    Já lhe aconteceu não conseguir pegar um toiro? O que sentiu?
Sim duas vezes em Alcochete. Fiquei em ambas inconsciente e quando acordei pensei que são coisas que acontecem, que devemos levantar a cabeça e desejar que a próxima corrida seja logo no dia seguinte.
 
10.    O seu pai assiste sempre às corridas do grupo, é um crítico?
Assiste à maioria. O meu pai tenta manter sempre a discrição e não tece grandes comentários, tenho de ser sempre eu a perguntar o que achou ou o que devia ou não ter feito.

11.    Os antigos cabos continuam a dar todo o apoio e carinho ao grupo?
Sim. Cada um à sua maneira, o João Pedro Bolota convive connosco diariamente na sede mas, tanto o João Mimo como o António Manuel Cardoso, são pessoas presentes e que correspondem ao que é esperado deles.
12.    Que perspectiva para a temporada 2012?
Perspectivo uma temporada difícil devido a todos os problemas económicos que a sociedade enfrenta e também, à incerteza climatérica que tem obrigado ao cancelamento de muitos espectáculos. Mas estou esperançado que não afecte a performance que o Grupo de Alcochete tem habituado a aficion e que possamos fazer uma temporada longa e com compromisso sérios.

Raio X:
 
a)    Um forcado que nunca esquece…
Luís Pinto “Nini”. Pela elegância, destreza, versatilidade e capacidade de fazer qualquer posição. Faleceu em 1989 com apenas 21 anos de idade e ainda hoje serve de inspiração para muitos jovens dentro do nosso Grupo.
b)    O momento mais triste do grupo…
A morte de Hélder Antono.
c)    A ganadaria que ainda não pegou, mas que lhe dava muito prazer fazê-lo…
Miura.
d)    Entre Alentejo e o Ribatejo…
Ambas as regiões são belas e fazem-me sentir em casa.
e)    Os forcados alentejanos são melhores que os ribatejanos…
Há bons forcados em todos os Grupos e não acho que se possa diferenciar! De qualquer forma, recordo com frequência uma conversa com um amigo e actual cabo de um conceituado Grupo do Alentejo, na qual me dizia, que no Ribatejo havia a arte e no Alentejo a força.
f)    Era possível mudar de grupo…
Neste momento seria impossível.
g)    Além dos touros, o prazer também está…
Na boa mesa, bom vinho e boa companhia.
 
 

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